4.10.09

S.O.S Espécies Marinhas

A vida marinha poderá sofrer extinção em massa em poucas décadas se a pesca intensiva, as mudanças climáticas, a acidificação da água, a poluição e o desenvolvimento litorâneo não forem combatidos, segundo um relatório apresentado nesta sexta-feira (23) pela ONU.


O relatório “In Dead Water” (”Em Águas Mortas”), elaborado por uma equipe de cientistas por incumbência do Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma), cujo 10ª conselho especial termina nesta sexta, em Mônaco, traça um panorama tenebroso.

“Há 65 milhões de anos, quando desapareceram os dinossauros, o mar estava saturado de dióxido de carbono. Em poucas décadas, a partir de agora, a água do mar será ainda mais ácida do que naquela época”.

A afirmação pessimista é de Ken Caldeira, da Universidade de Stanford, que, junto com outros cientistas e o diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner, apresentou o relatório à imprensa.

Steiner resumiu as ameaças que assolam os oceanos: a pesca intensiva e as más práticas pesqueiras, como o arrasto e a pesca em profundidade, as mudanças climáticas e a poluição litorânea.

Segundo o diretor-executivo do Pnuma, “seria uma irresponsabilidade culpar uma só delas, mas, em coro, farão com que em 30 ou 40 anos desapareça a indústria pesqueira e aconteça o colapso biológico dos mares”.

O relatório indica que a metade das capturas pesqueiras do mundo acontece em menos de 10% do oceano. É nesta área que se produz a maior parte da atividade biológica de espécies consideradas chave na cadeia alimentar.

Devido às mudanças climáticas, “com o aumento de 3 graus na temperatura das águas superficiais, mais de 80% dos corais — fundamentais na ecologia marinha — podem morrer em décadas, entre 80% e 100% em 2080″, segundo o relatório.

A acidificação do mar, devido à dissolução de dióxido de carbono provocada pelo uso de combustíveis fósseis, em poucas décadas danificará também os corais e outras espécies que metabolizam conchas calcárias.

Ainda segundo o relatório, o desenvolvimento litorâneo “aumenta rapidamente” e há a previsão de que “atinja negativamente 91% de todas as costas desabitadas até 2050, contribuindo majoritariamente para a poluição do mar”.

As mudanças climáticas afetam negativamente “a circulação termoalina — grandes correntes — e o fenômeno de fluxo e refluxo de água continental, crucial para 75% das pescas”.

Em conjunto, a poluição litorânea e as mudanças climáticas “acelerarão o desenvolvimento de zonas mortas, muitas delas próximas a plataformas pesqueiras”.

O número de zonas mortas — regiões com hipóxia (falta de oxigênio) — aumentou de 149 em 2003 para 200 em 2006, afirma o relatório apresentado.



Publicado no Site G1, em 22 de fevereiro

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